quarta-feira, 14 de março de 2012

V Confraria Vinho e Boa Mesa - Itália


Uma coisa é fato: o vinho faz parte da história e cultura italianas. Podemos dizer, sem pestanejar, que a Itália foi o país responsável pela disseminação da cultura do vinho por todo o globo terrestre, iniciada durante o Império Romano (que compreendia a Europa, o norte da África e parte do Oriente Médio) e avançando até a era moderna, com a fuga dos cidadãos italianos para diversas partes do mundo, em decorrência das grandes guerras.



Itália e França disputam cabeça a cabeça a liderança de maior produtor mundial de vinhos, com uma pequena vantagem para os franceses, que retomaram a liderança em 2009. A "Terra Da Bota" possui terroirs diversificados, uma avalanche de produtores, rótulos confusos, assim como sua classificação, e muitos tipos de vinhos, que vão do fabuloso ao ridículo.

Porém, o vinho caminha lado a lado com o cidadão italiano que, mesmo nas mais simples refeições, mantém sua taça cheia e a língua afiada para discutir sobre vinho e cozinha, capice!

Nós, da Confraria Vinho e Boa Mesa, em fevereiro de 2012, ficamos muito felizes ao realizar um encontro onde, além de degustarmos bons vinhos, contribuiu para resgatarmos nossas raízes, lembrando-nos de situações e antigas receitas de nossos antepassados. Bem vindos aos sabores e temperos da Itália !!

Entrada: antepastos (pão de berinjela, sardela, azeitonas); "uma volta pela Itália" (presunto parma, anchovas, coração de alcachofra, com azeite e vinagre balsâmico); acompanhados por espumantes;

Prato Principal: Polenta mole com cordeiro ao molho;

Sobremesa: biscoito de amêndoas cantucci, acompanhado por um gelatto de creme crocante.

Vinhos servidos:




Iniciamos os trabalhos com um delicioso Prosecco, o Villa Sandi Valdobbiadene DOC. Considerado um dos melhores no gênero, apresentou coloração cristalina, aromas de frutas brancas, jasmim e limão siciliano. Seu paladar agradou a todos, com acidez correta, levemente adocicado e final frutado. Altamente recomendado.










O segundo espumante foi um passeio através dos sentidos. Trata-se do Champagne francês Drappier Brut, merecedor de 90 pontos pela Wine Spectator, que exibiu visual amarelo-palha, com reflexos rosados, em decorrência de sua produção ser 100% com a uva Pinot Noir, proporcionando aromas de frutas vermelhas, groselha, com um leve toque de panificação. Em boca esbanjou frescor, elegância e sofisticação. Sugestão do confrade Renato - Magnífico !!






Na ala dos rubros, iniciamos nosso tour pela região da Toscana, onde dois Brunellos nos aguardavam. O primeiro foi o Brunello di Montalcino Giacominna 2000, que despertou a curiosidade dos confrades em relação ao seu potencial de guarda. Foi um desafio, a começar pela cor vermelho-granada, quase opaca, porém, lágrimas constantes e simétricas desfilavam na taça (ponto positivo). Com relação aos aromas, os primários foram difíceis de perceber, lembrando vagamente de ameixas secas e seiva de árvore, enquanto os secundários revelaram notas balsâmicas e trufadas. No palato mostrou-se elegante, com taninos macios e envolventes. Agradecemos ao Cássio pela deliciosa experiência.


Enquanto isso, repousando no decanter, o Brunello di Montalcino Cantina di Montalcino 2006 aguardava a sua vez. Trata-se de um Brunello simples, pronto para beber, que revelou coloração vermelho-rubi profundo, destacando os aromas de ameixas, mirtilos, couro, com nuances de eucalipto. Em boca é macio, com acidez moderada e médio final - Medalha de ouro "Decanter Wine Awards 2011" - correto, mas não para tanto.


Da comuna de Montalcino para a região dos Chianti, também na Toscana, provamos o Chianti Da Vinci - Riserva - 2007 - dos mesmos produtores do Brunello anterior (Cantine Leonardo Da Vinci). Elaborado com 85% de uvas Sangiovese, 10% Merlot e 5% Canaiolo, possui visual vermelho-púrpura, acompanhado por aromas de framboesas, amoras, terra molhada e tostado (10 meses em carvalho). Na boca mostrou-se amplo, fresco (fruto da acidez acentuada), com taninos rústicos que tendem a melhorar com o tempo. Para alguns confrades, agradou mais que os Brunellos.






Após o passeio pela Toscana, rumamos para a região do Veneto, onde provamos os sabores do Tenuta Sant Antonio - Sponsà - IGT - Veronese, elaborado com uvas Corvina (50%), Rondinella (20%) e Cabernet Sauvignon (30%). Trata-se de um vinho fácil de beber e de agradar, de coloração vermelho-vivo, com reflexos violáceos; no nariz mostrou-se convidativo, apresentando aromas de frutas vermelhas, pimenta, caixa de charutos e baunilha (6 meses em barricas). Em boca revelou-se fresco, com acidez e corpo moderados, com um pouco de álcool sobrando. Um italiano com a cara do novo mundo.






Terminamos nossa ítalo-degustação na famosa Sicília, bem retratada por Copolla na trilogia "O Poderoso Chefão". O último vinho da confraria foi o Serrantico IGT 2005, elaborado com um blend de uvas internacionais formado por 70% merlot e 30% Syrah, conferindo ao vinho cor rubi intensa, com aromas de frutas negras, florais e nuances de coco ( 12 meses em barricas de carvalho). No palato deixou a desejar, apresentando-se ralo e pobre em estrutura.




Finito ! Do Velho Mundo para o Novo Mundo, nossa confraria partirá em busca de brancos sedutores.


Arrivederci...


...salute a tutti !


Confraria Vinho e Boa Mesa


Participaram desta confraria: Abner, Carlos, Cássio, Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato (anfitrião).




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