domingo, 18 de março de 2012

Espaço do Confrade - Aalto 2005





O Espaço do Confrade foi criado para que os participantes da Confraria Vinho e Boa Mesa publiquem suas experiências individuais sobre assuntos que abordem o mundo do vinho, boa mesa e outras espirituosidades. Assim, o tema tratado neste tópico, expressa a opinião do confrade que o assina.




E, para inaugurar o espaço, convido os amantes do vinho a conhecerem (àqueles que ainda não o degustaram) ou relembrarem (aos que já o provaram), um dos vinhos mais sedutores da Espanha : o Aalto safra 2005.

Bodegas Y Viñedos Aalto (D.O. Ribera del Duero):

Em 1998, Mariano Garcia (antigo enólogo da Vega Sicilia e considerado um dos grandes profissionais do mundo do vinho) e Javier Zaccagnini (ex diretor do Conselho Regulador da Ribera del Duero e profundo conhecedor dos vinhos desta região), decidiram unir suas experiências e, junto com outros sócios, criarem um projeto de futuro: a Bodegas e Vinhedos Aalto. 



O objetivo do projeto foi se aprofundar no potencial da uva Tinto Fino (Tempranillo) e do terroir da região da Ribera del Duero para elaborar vinhos de alta qualidade.

Desde quando o projeto começou a tomar forma, despertou grande interesse e expectativa da crítica especializada, tendo um retorno extremamente positivo com o lançamento de seus dois vinhos : Aalto e Aalto PS.

Contam atualmente com 42 hectares de terrenos próprios, com vinhedos velhos de mais de 60 anos, com baixo rendimento e altíssima qualidade.


Aalto 2005 - WS - 96 pontos; RP - 95 pontos; CVBM - 94 pontos. Preço: R$ 329,00


O Aalto 2005 foi degustado no dia 17/02/2012, em plena sexta-feira de carnaval, para brindar o início do reinado de Momo. Elaborado com uvas 100% Tinto Fino (Tempranillo), com 14,5% de álcool e 23 meses de maturação em tonéis de carvalho,trata-se de um vinho extraordinário, apresentando visual vermelho-púrpura profundo, com lágrimas simétricas e abundantes na taça. Seus aromas remetem a frutas negras, terra úmida e notas balsâmicas, evoluindo para alcaçuz, café e caixa de charutos. Em boca se mostrou pleno, encorpado, com acidez correta, taninos aveludados e final interminável.




Uma curiosidade é que o Aalto 2005 foi degustado uma semana antes do Vega Sicilia Único 1999 e, para aqueles que o provaram, o Aalto não deveu nada àquele chamado de "Único".


Saúde !!


Confrade Leandro J.


Participaram desta degustação: Leandro (que assina o texto), Carlos e Cássio.


  

quarta-feira, 14 de março de 2012

V Confraria Vinho e Boa Mesa - Itália


Uma coisa é fato: o vinho faz parte da história e cultura italianas. Podemos dizer, sem pestanejar, que a Itália foi o país responsável pela disseminação da cultura do vinho por todo o globo terrestre, iniciada durante o Império Romano (que compreendia a Europa, o norte da África e parte do Oriente Médio) e avançando até a era moderna, com a fuga dos cidadãos italianos para diversas partes do mundo, em decorrência das grandes guerras.



Itália e França disputam cabeça a cabeça a liderança de maior produtor mundial de vinhos, com uma pequena vantagem para os franceses, que retomaram a liderança em 2009. A "Terra Da Bota" possui terroirs diversificados, uma avalanche de produtores, rótulos confusos, assim como sua classificação, e muitos tipos de vinhos, que vão do fabuloso ao ridículo.

Porém, o vinho caminha lado a lado com o cidadão italiano que, mesmo nas mais simples refeições, mantém sua taça cheia e a língua afiada para discutir sobre vinho e cozinha, capice!

Nós, da Confraria Vinho e Boa Mesa, em fevereiro de 2012, ficamos muito felizes ao realizar um encontro onde, além de degustarmos bons vinhos, contribuiu para resgatarmos nossas raízes, lembrando-nos de situações e antigas receitas de nossos antepassados. Bem vindos aos sabores e temperos da Itália !!

Entrada: antepastos (pão de berinjela, sardela, azeitonas); "uma volta pela Itália" (presunto parma, anchovas, coração de alcachofra, com azeite e vinagre balsâmico); acompanhados por espumantes;

Prato Principal: Polenta mole com cordeiro ao molho;

Sobremesa: biscoito de amêndoas cantucci, acompanhado por um gelatto de creme crocante.

Vinhos servidos:




Iniciamos os trabalhos com um delicioso Prosecco, o Villa Sandi Valdobbiadene DOC. Considerado um dos melhores no gênero, apresentou coloração cristalina, aromas de frutas brancas, jasmim e limão siciliano. Seu paladar agradou a todos, com acidez correta, levemente adocicado e final frutado. Altamente recomendado.










O segundo espumante foi um passeio através dos sentidos. Trata-se do Champagne francês Drappier Brut, merecedor de 90 pontos pela Wine Spectator, que exibiu visual amarelo-palha, com reflexos rosados, em decorrência de sua produção ser 100% com a uva Pinot Noir, proporcionando aromas de frutas vermelhas, groselha, com um leve toque de panificação. Em boca esbanjou frescor, elegância e sofisticação. Sugestão do confrade Renato - Magnífico !!






Na ala dos rubros, iniciamos nosso tour pela região da Toscana, onde dois Brunellos nos aguardavam. O primeiro foi o Brunello di Montalcino Giacominna 2000, que despertou a curiosidade dos confrades em relação ao seu potencial de guarda. Foi um desafio, a começar pela cor vermelho-granada, quase opaca, porém, lágrimas constantes e simétricas desfilavam na taça (ponto positivo). Com relação aos aromas, os primários foram difíceis de perceber, lembrando vagamente de ameixas secas e seiva de árvore, enquanto os secundários revelaram notas balsâmicas e trufadas. No palato mostrou-se elegante, com taninos macios e envolventes. Agradecemos ao Cássio pela deliciosa experiência.


Enquanto isso, repousando no decanter, o Brunello di Montalcino Cantina di Montalcino 2006 aguardava a sua vez. Trata-se de um Brunello simples, pronto para beber, que revelou coloração vermelho-rubi profundo, destacando os aromas de ameixas, mirtilos, couro, com nuances de eucalipto. Em boca é macio, com acidez moderada e médio final - Medalha de ouro "Decanter Wine Awards 2011" - correto, mas não para tanto.


Da comuna de Montalcino para a região dos Chianti, também na Toscana, provamos o Chianti Da Vinci - Riserva - 2007 - dos mesmos produtores do Brunello anterior (Cantine Leonardo Da Vinci). Elaborado com 85% de uvas Sangiovese, 10% Merlot e 5% Canaiolo, possui visual vermelho-púrpura, acompanhado por aromas de framboesas, amoras, terra molhada e tostado (10 meses em carvalho). Na boca mostrou-se amplo, fresco (fruto da acidez acentuada), com taninos rústicos que tendem a melhorar com o tempo. Para alguns confrades, agradou mais que os Brunellos.






Após o passeio pela Toscana, rumamos para a região do Veneto, onde provamos os sabores do Tenuta Sant Antonio - Sponsà - IGT - Veronese, elaborado com uvas Corvina (50%), Rondinella (20%) e Cabernet Sauvignon (30%). Trata-se de um vinho fácil de beber e de agradar, de coloração vermelho-vivo, com reflexos violáceos; no nariz mostrou-se convidativo, apresentando aromas de frutas vermelhas, pimenta, caixa de charutos e baunilha (6 meses em barricas). Em boca revelou-se fresco, com acidez e corpo moderados, com um pouco de álcool sobrando. Um italiano com a cara do novo mundo.






Terminamos nossa ítalo-degustação na famosa Sicília, bem retratada por Copolla na trilogia "O Poderoso Chefão". O último vinho da confraria foi o Serrantico IGT 2005, elaborado com um blend de uvas internacionais formado por 70% merlot e 30% Syrah, conferindo ao vinho cor rubi intensa, com aromas de frutas negras, florais e nuances de coco ( 12 meses em barricas de carvalho). No palato deixou a desejar, apresentando-se ralo e pobre em estrutura.




Finito ! Do Velho Mundo para o Novo Mundo, nossa confraria partirá em busca de brancos sedutores.


Arrivederci...


...salute a tutti !


Confraria Vinho e Boa Mesa


Participaram desta confraria: Abner, Carlos, Cássio, Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato (anfitrião).




terça-feira, 13 de março de 2012

Uma Degustação Especial e..."Única".

No mês de fevereiro de 2.012, antes de aportar em terras italianas, a Confraria Vinho e Boa Mesa teve o privilégio de degustar e se encantar com um ícone da vinicultura espanhola e, talvez, do mundo do vinho.

Trata-se do aclamado Vega Sicilia Único, safra 1999, que temos o prazer de dividi-lo com você, amante do vinho e da boa mesa. Mas antes, um pouco de história faz-se necessário:



Fundada em 1864, a Bodega Vega Sicília constitui a origem e o centro da vitivinicultura  na D.O. Ribera del Duero, mantendo uma inegável personalidade própria ao elaborar vinhos de grande prestígio.

Sua história nos conduz a 1848, quando um fazendeiro de origem basca chamado Toribio Lecanda comprou a Marqués de Valbuena, uma propriedade de 2.000 hectares. Ao falecer em 1859, seu filho Eloy Lecanda y Chaves herdou a propriedade e, em 1864, adquiriu em Bordeaux 18.000 mudas de Cabernet Sauvignon, Malbec e Merlot, plantando-as junto com as Tinto Fino (Tempranillo) na proporção de 70% Tinto Fino, 30% Cabernet Sauvignon, surgindo, assim, a Bodega Vega Sicilia.

No ano de 1904, a propriedade foi adquirida pela família Herrero e das mãos do enólogo Cosme Palacio nasceram dois vinhos excepcionais: Vega Sicilia e Valbuena. Em 1951, a família Herrero decide vender a Bodega para a empresa Prodes e, em 1966, é adquirida pelo empresário Venezuelano Miguel Neumann.

A etapa atual da Vega Sicilia se inicia em 1982, ao ser adquirida por David Álvarez e, desde então, a família Álvarez Mezquíriz conseguiu harmonizar os procedimentos tradicionais, com a modernização que exige o setor vinícola atual. A empresa elabora e comercializa três tipos de vinhos: o tinto Valbuena, o Vega Sicilia Único e o grande vinho da casa, o Vega Sicilia Único Reserva Especial.

Também, a título de conhecimento, o Grupo Vega Sicilia é proprietário das Bodegas Alión, que produz um tinto excepcional e de mesmo nome, bem como da Tokaj Oremus, localizada na Hungria.

O Vega Sicilia Único 1999:

Como dizem os espanhóis, trata-se de um vinho que todo o mundo conhece, mas poucos já o provaram e, para nossa sorte, tivemos o prazer de degustá-lo. Foi um momento bastante esperado, desde a chegada da garrafa, em dezembro de 2011 (literalmente um presente de natal), até sua prova, realizada em fevereiro de 2.012.

Foi sensacional observar as manifestações dos confrades, provocadas por esse majestoso vinho. Alguns, após verificar e sentir o que o vinho tinha a oferecer, não demoraram muito para secar a taça, enquanto outros, inclusive este confrade que vos escreve, curtiram cada sensação, cada nuance que o Vega tinha a revelar.

O Vega Sicilia Único 1999 é um "monstro", elaborado com as uvas Tinto Fino (Tempranillo) 80/85%, Cabernet Sauvignon 10/15% e Merlot 0/5%. Seu processo de maturação dura longos anos e, no caso do nosso 1999, ele ainda teria pela frente uns bons anos em garrafa. É um vinho fino e elegante, que apresentou aromas primários de especiarias, tabaco, couro seco, alcaçuz e notas minerais. Para os mais pacientes, foram notados aromas secundários de café, caramelo e bálsamo. Em boca é saboroso, com acidez pronunciada, taninos maduros, perfeitamente integrados com o conjunto e um final interminável, que nos fez lembrar notas de torrefação. Simplesmente único !!


Avaliação CVBM: 95/100
Preço: R$ 1950,00

Após essa degustação, os Brunellos que nos aguardavam na Itália ficaram um pouco sem graça. Fazer o quê ? Isso faz parte do sedutor mundo do vinho.

Nos encontramos na Itália.

Saúde e bons goles a todos.

Confraria Vinho e Boa Mesa

Participaram desta degustação os confrades: Abner, Carlos, Cássio (anfitrião), Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato. 






IV Confraria Vinho e Boa Mesa - Austrália.

Se existe um país onde o brasileiro pode dizer que sente-se em casa, este país chama-se Austrália. Com muito sol, belas praias, fauna diversificada, natureza abundante, o Australiano é alegre e receptivo, atraindo muitos brasileiros para o seu território. Mas o país não é conhecido somente por seus cangurus, belezas naturais e, sem esquecer, pelos filmes do Crocodilo Dundee. A Austrália é o 6º maior produtor de vinhos do mundo e o 4º em exportação, produzindo vinhos de qualidade que, mesmo os produtores mais comerciais, mantém excelente padrão de vinificação. 

Por todos estes encantos, no mês de janeiro de 2.012, a Confraria Vinho e Boa Mesa foi seduzida a experimentar vinhos e sabores deste país tão atraente. Vamos ao que interessa:

Entradas: petiscos ao modo australiano (torradas com queijo chedar e bacon, cortes finos de carnes defumadas, etc), servidos com espumantes brasileiros;

Prato principal: Costela suína assada, com molho barbecue e batatas coradas;

Sobremesa: Brownie com sorvete de creme e um bom Late Harvest.

Wines:

O Salton Brut apresentou visual amarelo-palha, com reflexos esverdeados, aromas de lichia, capim-santo, com nuances de frutas secas e borbulhas finas, porém inconstantes. No palato mostrou-se equilibrado, com acidez moderada e médio final de boca. Bom custo-benefício.





Uma palavra vem à cabeça para definir o Cave Geisse Nature Brut: qualidade. Proveniente da região de Pinto Bandeira, em Bento Gonçalves, hoje conhecida como região dos Vinhos da Montanha, é elaborado com 70% Chardonnay e 30% Pinot Noir, pelo método tradicional. Possui coloração dourada, com reflexos de lavanda, perlage fino, intenso e persistente, apresentando aromas de panificação, flores do campo e frutas brancas. Em boca é bem estruturado, com acidez agradável e boa persistência. Recomenda-se.




Na ala dos rubros, o primeiro a ser degustado foi o Angove Bear Crossing 2.007, um corte de Merlot e Cabernet Sauvignon bem vinificado e potente. De aparência vermelho-púrpura, esbanjou aromas de frutas silvestres, especiarias, ervas, com um pouco de álcool sobrando. No paladar revelou-se de médio corpo, taninos macios e acidez moderada. Um bom australiano para o dia-dia  ou acompanhando uma pizza. Lembramos que parte da renda obtida com a comercialização da linha Bear Crossing é destinada à Australian Koala Foundation (AKF) - www.savethekoala.com - que, ao longo de 10 anos, ajuda a preservar esta espécie tão peculiar. É o mundo do vinho contribuindo com a preservação das espécies ameaçadas.








O Tyrrell's Moore's Creek - Cabernet Sauvignon 2.009 - foi uma surpresa, confirmando, assim como o vinho anterior, que os grandes produtores australianos mantém a qualidade em seus rótulos de entrada. Trata-se de um vinho elegante, com coloração vermelho-violeta, que apresentou aromas de frutas negras, couro, terra molhada e mentol. Em boca desfilou equilíbrio, corpo médio, acidez e taninos finos. Uma ótima pedida.












Proveniente de outro grande produtor, o Rosemount  Shiraz 2.008 inaugurou a dança das uvas Shiraz. Com visual vermelho-rubi intenso, no nariz destacou-se pela presença de frutas vermelhas em compota, capim, madeira (10 meses em carvalho e quase não se percebe) e iogurte. No palato conquistou pela elegância, acidez correta, taninos aveludados e maciez. Para aqueles que gostam de Shiraz, é um verdadeiro achado.




Shiraz e Cabernet Sauvignon fizeram um ótimo casamento neste exemplar da vinícola Elderton, situada no coração do vale de Barossa. O E Series 2.008 é um vinho delicioso, de cor vermelho profundo, apresentando aromas de rosas, ameixas negras, terra, com um toque de baunilha. Muito bem estruturado, é encorpado e suculento. Vale a pena conhecer.






Para finalizar os tintos, mais um ótimo produtor deu as caras. Proveniente da Bremerton Winery, o Matilda Plans 2.006, elaborado com 64% de Cabernet Sauvignon, 24% de Shiraz e 12% de Merlot (lembrando que nos vinhos australianos com mais de uma uva, a utilizada em maior quantidade deve aparecer em primeiro no rótulo), traz potência e bom conjunto. Fácil de beber e gostar, é denso, possuindo visual violeta escuro, com aromas de ameixas, chocolate, couro suado e nuances herbáceas. Na boca é musculoso, com taninos presentes e final persistente.






Na ocasião, não conseguimos encontrar um exemplar de sobremesa australiano e, para substituí-lo, escolhemos o Avondale Muscat Blanc Reserve 2007, proveniente da também inóspita África do Sul. Trata-se de um vinho com cores que remetem ao âmbar e dourado, de aromas generosos que revelam mel, manga, zimbro e frutos da savana. É cremoso, pleno, com final longo e frutado.




A Austrália vai deixar saudades, mas nada como os sabores da Itália para acalmar nosso espírito. Até lá !!


Saúde a todos !


Confraria Vinho e Boa Mesa


Participaram desta confraria: Abner, Carlos (anfitrião), Cássio, Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato.







segunda-feira, 12 de março de 2012

III Confraria Vinho e Boa Mesa - Espanha.

Ainda na Península Ibérica, no mês de dezembro de 2.011 a Confraria Vinho e Boa Mesa realizou o seu terceiro encontro, que nos conduziu à inebriante e cheia de caráter Espanha, lar de artistas renomados, que presentearam o mundo cada qual com sua arte e, como não poderia ser diferente, é em terras espanholas onde os artesãos do vinho criam suas obras-primas em estado líquido. Em um país com cerca de setenta denominações de origem, a uva Tempranillo (Tinto Fino, Tinta del País, Tinta del Toro), reina absoluta e nós, bons súditos que somos, reverenciamos sua coroa. 


Iniciando os trabalhos:

Entrada: tapas variados, ao estilo espanhol (Jamón, pimentões ao azeite, pistaches, manta de mussarela de búfala);

Pratos principais: arroz negro com frutos do mar; picanha suína com redução de vinho malbec;

Sobremesa: doce de ricota com avelãs, mel e damascos, acompanhado por um bom Jerez.

Vinhos degustados:

O Cava Don Román Brut Magnum, traz em sua composição as uvas Macabeo, Xarello e Parellada, apresentando coloração palha, com reflexos de lavanda, borbulhas finas e constantes. Tanto no nariz, quanto no palato, mostra frutas brancas com nuances de panificação. Seco e refrescante, trata-se de um espumante honesto e correto.





Ao contrário de seu irmão rubro, proveniente da Rioja Alavesa, este Marqués de Riscal 2.010 é branco, produzido na região de Rueda, composto pelas uvas Verdejo (85%) e Viura (15%). Trata-se de um vinho leve, de visual amarelo claro, com reflexos dourados, apresentando aromas florais, com traços de maracujá e capim molhado. Em boca é fresco, resultado da acidez moderada, com nuances de frutas tropicais e leve amargor no final, bem característico da uva Verdejo. Boa compra !





Dos brancos, vamos aos tintos, e para inaugurar a ala dos rubros, nosso amigo Abner nos presenteou com um Marqués de Riscal 2.000. Apesar da idade, ele estava sensacional, elegante e misterioso, revelando-se aos poucos. Elaborado com 90% de Tempranillo, sendo o restante por Graciano e Mazuelo, apresentou coloração granada, com bordas alaranjadas, denunciando sua idade. No nariz, mostrou-se enigmático, com aromas balsâmicos, ameixa seca e café, revelados aos poucos. No palato esbanjou equilíbrio, com acidez correta e taninos macios. Um vinho de camadas, para meditar.


O Luis Cañas Crianza 2.008 (95% Tempranillo e 5% Garnacha) é um vinho que apresenta cor vermelho-rubi límpido, com envolventes aromas de cedro, frutas vermelhas e couro suado. Em boca é vivo, com acidez pronunciada e taninos rústicos que garantem mais uns anos em garrafa. Boa pedida.






Ainda na região da Rioja, o também nobre Marques de Arienzo 2001 - Reserva Especial - foi um dos destaques da noite. Elaborado com as uvas Tempranillo e Graciano, é um vinho vermelho-púrpura, com bordas na cor telha, de aromas complexos que revelam especiarias, mirtilo, couro e tostado. Em boca demonstrou-se musculoso, com boa acidez e taninos aveludados. Um convite à imaginação.






Da Rioja para a D.O. Bierzo, localizada a noroeste da região de Castilla y León é lá que se produz o El Castro Valtuille Joven-2007. Trata-se de um vinho simples, elaborado com a uva Mencia, que confere visual vermelho-cereja, aromas de frutas vermelhas, terra molhada e alcaçuz. No paladar mostrou-se fresco, de corpo médio, com acidez pronunciada e nuances minerais. Bom para o dia-dia.






Voltando para os domínios da Tempranillo, o Protos Crianza 2007 - D.O. Ribera del Duero - honrou seu nome, que em grego significa "Primeiro", e conquistou a preferência dos membros da confraria. De coloração vermelho profundo, com reflexos violáceos, revelou aromas de frutas de bosque (amora, mirtilo), folhas secas, coco, nuances de baunilha e canela. Em boca é um vinho extremamente elegante, pleno, com taninos sedutores e acidez moderada. Delicioso !!


Como não poderia ser diferente, uma sobremesa contendo ricota, mel, amêndoas e damascos, teria que ser escoltada por um ótimo Jerez. Produzido pela Bodega Domecq, o La Ina é elaborado com uvas 100% Palomino e apresenta visual amarelo-dourado, com reflexos âmbar. Seus aromas e sabores remetem a frutas e folhas secas, panificação e pera, com pouca acidez, corpo cheio e final persistente. Olé !!






Nosso próximo encontro será na alegre e ensolarada Austrália, lar de tintos potentes e brancos sedutores. Até lá e....


...saúde a todos.


Confraria Vinho e Boa Mesa


Participaram desta confraria: Abner (anfitrião), Carlos, Cássio, Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato.
   

domingo, 4 de março de 2012

II Confraria Vinho e Boa Mesa - Portugal.

Já dizia o poeta Fernando Pessoa: "Valeu a pena ? Tudo vale a pena se a alma não é pequena". E para engrandecer nossa alma, no mês de novembro de 2.011, a Confraria Vinho e Boa Mesa resolver "viajar" para terras lusitanas, prestigiando os vinhos e a culinária portuguesa. Sem mais delongas, apresentamos o itinerário de nossa "viagem":

Entrada: figos com "foie gras" e queijo Serra da Estrela com torradas.

Prato Principal: postas altas de bacalhau, grelhadas na brasa, acompanhadas por alho assado, pimentões, cebolas, azeitonas pretas e batatas no murro. Tudo regado com um bom azeite português de primeiríssima qualidade.

Sobremesa: creme catalão, acompanhado por um vinho de sobremesa.

Vamos aos vinhos:

Este espumante produzido no Brasil pelo método Charmat, carrega o nome do famoso champagne francês sem perder a categoria. A Chandon Reserve Brut Magnum demonstrou personalidade, de coloração amarelo palha, bolhas simétricas e constantes, com aromas de maçã verde, peras e um leve toque de frutas secas, em boca mostrou-se agradável, refrescante e com acidez envolvente. Ótimo custo-benefício.



O Alvarinho Via Latina 2.010 é um verdadeiro achado. Trata-se de um vinho honesto e direto, esbanjando alegria e boa qualidade. Possui visual amarelo palha com reflexos esverdeados; tanto os aromas, quanto o paladar, remetem a maracujá, manga e melão, com nuances cítricas que lembram casca de laranja. Com um pouco mais de acidez seria perfeito. Vale a pena conhecer.




Trata-se da linha dia-dia de uma das vinícolas mais tradicionais de Portugal. Elaborado na região do Douro, o Casa Ferreirinha Esteva 2.010, apresenta um corte de Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Nacional. É um vinho jovem, de coloração vermelho límpido, com aromas de frutas, flores, ervas de bosque e cravo. Em boca, sobrou um pouco de acidez, comprovando que trata-se de um vinho de acompanhamentos.

O Paulo Laureano Premium 2009 revelou-se moderno e versátil, sem perder a tradição. Elaborado com 60% Trincadeira e 40% Arogonez, esbanjou aromas de ameixas em compotas, com notas de chocolate e tostado. Em boca, apresentou um bom ataque, mas com final curto.










A confraria muda sua rota e ruma diretamente para o Alentejo, onde se encontra a tradicional vinícola Herdade do Esporão, que produz o Esporão Reserva 2.008, elaborado com as castas Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet. Trata-se de um vinho clássico, muito bem vinificado, apresentando visual rubi-granada, com aromas de frutas vermelhas, especiarias, baunilha e tostado. Em boca é cheio, equilibrado e persistente, com taninos aveludados e complexos.


Do Alentejo para Azeitão, "desembarcamos" na não menos famosa e estruturada Quinta da Bacalhôa. Provamos o seu elegante Quinta da Bacalhôa Cabernet Sauvignon 2.006 (90% Cabernet e 10% Merlot). É um vinho para apreciadores, que revelou nariz de frutas negras, pimentas, café e couro suado. No palato mostrou-se elegante, com taninos rústicos, acidez moderada e muita personalidade. Um Cabernet Sauvignon de primeira linha.




Nosso penúltimo "destino" foi a Bairrada, onde degustamos o Luis Pato Vinhas Velhas 2.007, produzido pelo gênio que dá seu nome ao vinho. Elaborado com a casta Baga, trata-se de um vinho elegante, com um bom potencial de guarda. Apresentou coloração rubi escuro, com reflexos violáceos, aromas que remetem a compota de framboesas, terra, mentol e tabaco. Na boca é um convite a meditação, revelando-se um vinho de camadas.












O final de nossa "viagem" à Portugal foi na Ilha da Madeira. Nos deliciamos com um Creme Catalão, escoltado por um Borges Madeira, envelhecido 03 anos em carvalho, proveniente da casta Tinta Negra Mole. Um digestivo sensacional, com aromas e sabores de frutas secas, castanhas portuguesas e baunilha, para coroar a noite.


Saúde a todos e, nos encontramos na Espanha.


Confraria Vinho e Boa Mesa






Participaram desta confraria: Abner, Carlos, Cássio (anfitrião), Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato.



























sexta-feira, 2 de março de 2012

I Confraria Vinho e Boa Mesa - "Pinot Noirs do Mundo".

O dia 07/10/2.011 foi escolhido para ser o grande dia. Naquele momento nascia a Confraria Vinho e Boa Mesa, com o tema "Pinot Noirs do Mundo", onde foram degustados excelentes vinhos, afastando-se um pouco da Borgonha, para descobrir novos horizontes dessa uva delicada e "temperamental". Para escoltar os Pinots, saborosos carrés de cordeiro, suavemente temperados com ervas e especiarias, grelhados na brasa da churrasqueira. Vamos aos personagens principais:

Entrada: antepastos e embutidos, acompanhados por vinhos espumantes;

Prato principal: carrés de cordeiro, suavemente temperados com ervas e especiarias, grelhados na brasa da churrasqueira; risoto de abobrinha;

Sobremesa: um ótimo vinho de sobremesa e nada mais.


Vinhos degustados:


De coloração amarelo palha, com reflexos esverdeados, seus aromas revelam frutas brancas, tais como maçã, pera, lichia e notas elegantes de jasmim, nozes e brioche. Em boca é sedoso, pleno e saboroso, revelando-se persistente e equilibrado.








Esta dama revelou coloração amarelo claro, com borbulhas finas, simétricas e intensas, aromas de flores do campo, frutas secas e brancas, acompanhadas por excelente acidez e persistência de sabores. Em boca é cheia, seca e musculosa, sem deixar de ser elegante. 








Com nada menos que 90 pontos concedidos pela Wine Enthusiast e 89 pontos de Robert Parker, o Errazuriz Wild Fermented 2.007 mostrou-se amplo, apresentando coloração vermelho rubi intenso, com aromas de frutas silvestres, nuances de morango, madeira (11 meses em carvalho) e algo animal, como couro e caça, lembrando que este vinho é elaborado e vinificado com as leveduras selvagens da própria uva. Na boca é opulento, longo, enigmático e, mesmo contando com 14,5% de teor alcoólico, mostrou-se equilibrado e correto.


A jovem vinícola Leyda, fundada em 1988, é pioneira no Valle de Leyda, inaugurando em 2.002 essa nova denominação de origem. São 245 hectares de uvas plantadas a 14 Km do Oceano Pacífico, o que possibilita uma condição extremamente favorável para a uva pinot noir. Seu Las Brisas 2.008 possui cor vermelho brilhante e límpido; aromas que remetem a cerejas e compota de morango, terra, com um leve toque de madeira (10 meses em carvalho). Em boca é muito elegante, com acidez moderada e mineralidade presente, remetendo a alguns exemplares da Borgonha. Foi considerado por alguns confrades como o vinho da noite.

O Enrique Mendoza Pinot Noir 2.007 nos conduziu a uma viagem por terras espanholas. Sim, um pinot noir espanhol - D.O. Alicante - com muita opulência e tipicidade. Com coloração vermelho granada, no nariz revelou muita fruta madura, groselha, notas tostadas em decorrência da madeira (14 meses em carvalho) e café. Em boca mostrou-se potente, com acidez elevada, taninos envolventes, revelando certa rusticidade. Um pinot diferente, que vale a pena conferir.



Para finalizar, degustamos o argentino Luca Pinot Noir 2.008 de Laura Catena, congratulado com 92 pontos por Robert Parker. Visual vermelho púrpura, com reflexos violáceos, demonstrou características dos vinhos de Mendoza, apresentando aromas de frutas silvestres, herbáceos, couro e tostado (10 meses em carvalho). Em boca mostrou-se equilibrado, lembrando compota de morangos selvagens, com taninos aveludados e macios. Um vinho para apreciar sem pressa.


Como sobremesa, provamos o delicioso Tokaji Late Harvest Classic Cuvée 2.004 (Hungria), fechando nossa primeira confraria com chave de ouro. Um verdadeiro néctar, de coloração amarelo âmbar, com reflexos dourados; no nariz explodem frutas brancas (maçã, pera e melão), enquanto na boca, nota-se mel, maracujá e um leve toque de nozes com final longo e acidez moderada. Sensacional !

Saúde a todos !!

Confraria Vinho e Boa Mesa


Participaram desta confraria: Abner, Carlos, Cássio, Leandro (anfitrião e assina o texto), Nenê e Renato.












Vinhos, boa mesa e, principalmente, amigos.



No mês de setembro de 2.011, um grupo de amigos da cidade de Jundiaí-SP se encontrou na 6ª Mostra Internacional de Vinhos, realizada na cidade de Campinas-SP, com o intuito de conhecer novos produtos e degustar bons rótulos. Entre uns goles e outros, opiniões semelhantes e contrárias, mesmas ou diferentes preferências, notou-se que um fator era unânime para todos: a paixão pelo vinho. 
Assim, idéias foram brotando, se desenvolvendo, até que os amigos, apaixonados por vinhos, decidiram criar uma confraria que unisse esse formidável produto da história, com a boa mesa e, principalmente, amizade.
Após mais algumas conversas, no dia 07/10/2.011 nasceu a "Confraria Vinho e Boa Mesa", tendo como tema inaugural "Pinot Noirs do Mundo". Desde então, uma vez a cada mês, nos reunimos para conhecer novos sabores, partilhar informações, sensações e, junto com o vinho, fortalecer nossos laços de amizade.
Este espaço foi criado para registrarmos os nossos encontros e experiências, analisarmos os vinhos degustados, os pratos harmonizados e convidar você, amante do vinho e da boa mesa, a conhecer um pouco mais de nossa confraria.

Saúde a todos !!


Confraria Vinho e Boa Mesa


Confrades: Abner, Carlos, Cássio, Leandro (que assina o texto), Nenê e Renato.