terça-feira, 24 de abril de 2012

Espaço do Confrade - Portugal - 5 Regiões... 5 Vinhos Magníficos !!!

Atenção: Confraria reunida!  Mais um sábado para celebrar as delícias da boa mesa, da agradável companhia e, claro, excelentes vinhos. 
O tema era covardia - Portugal. Não bastasse sua tradição em fazer bons vinhos, sua riqueza de castas e ótimos terroirs, quem nos apresentaria o tema era simplesmente nossa amiga Inês Marques Pestana da Cruz, portuguesa de Viseu, enóloga e vasta conhecedora dos bons vinhos, sobretudo os da “Terrinha”. 




Ao concluir a faculdade de Enologia, estagiou e trabalhou em várias vinícolas ao redor do mundo, como por exemplo, Itália, Austrália e EUA. No Brasil, desenvolve cursos e consultoria na sua VIAVITIS - www.viavitis.com.br Ela estava assessorada pelo marido Thiago, que deu o suporte necessário para tudo dar certo. Falar o que, de quem conheceu o vinho na mamadeira!

Abrimos nossos trabalhos com o emblemático Vinho Verde - da região do Minho, Noroeste de Portugal, degustamos o Alvarinho Anselmo Mendes - 2007. Feito 100% de uvas Alvarinho é um vinho incrível, feito à moda antiga, pois passa por uma “curtimenta” ( fermenta parcialmente com as películas ) e estagia 9 meses em barricas usadas, “na mãe” ( sobre as borras totais ).
Seus 13,5 % de álcool, desafiam o tempo e ajudam a torná-lo um vinho de guarda. Um vinho elegante e harmonioso; uma grata surpresa !



Indo para a região localizada na metade Sul da província da Beira Alta, no Centro Norte de Portugal, chegamos ao Dão. O vinho escolhido foi o Pelada DOC Dão - 2003. Vinho único, feito de vinhas velhas (blend) e Touriga Nacional, ele estagiou 24 meses em barrica. De grande caráter, é volumoso, estruturado e encorpado. O vinho da noite, na opinião do meu afilhado e dedicado estudioso do “Néctar dos Deuses”, Leandro e sua Carol. 





Antes de seguirmos viagem, fomos apresentados ao DODA 2008 ( Douro / Dão ), uma união de ótimos produtores que criaram um vinho com a elegância e longevidade do Dão e a concentração e estrutura do Douro. Um vinho de pequena produção, fazendo jus ao nível da confraria. Quem apreciou conhecê-lo foi meu amigo de velhos tempos Rogério Pirana, que prontamente foi aconselhado por sua esposa Virgínia, para comercializar este vinhaço no seu Empório Pirana, um supermercado muito bem montado e localizado na Estrada da Malota.
Sua adega climatizada, em minha opinião, é uma das mais bonitas e completas de Jundiaí.



Chegando ao Douro, nos deparamos com uma das mais antigas e importantes regiões demarcadas no mundo. Situada no Nordeste de Portugal, faz dobradinha com o famoso vinho do Porto e produz tintos potentes e maravilhosos. Seu representante foi nada menos que o já consagrado Chryseia DOC Douro - 2008. Composto por Touriga Nacional, Touriga Franca (maioria), Tinta Roriz e Tinta Cão, ele possui 14% de teor alcoólico e uma longa vida em garrafa. Eleito um dos “100 Melhores Vinhos do Mundo”, pela Revista Wine Spectator, ele na taça é extremamente complexo, sofisticado e elegante. Sobressaem no seu bouquet flores e frutas maduras. 


Difícil esquecer seu grená intenso e brilhante. Foi o escolhido pelo meu eclético, FLEX e experiente amigo Abner, apoiado pela patroa Fátima.

Não pensem que a esta altura do campeonato nosso time estava sentindo os efeitos de tantas regiões vinícolas; ainda tinha mais...

Que venha o Alentejo! A maior região vitivinícola de Portugal ocupa no seu conjunto 1/3 do território nacional; uma planície limitada ao Norte pelo Rio Tejo e ao Sul pelo Algarve. São 8 sub-regiões DOC e suas principais castas tintas são : Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante Bouschet. Nosso vinho Alentejano não poderia estar melhor representado : Herdade do Esporão - Private Selection - Garrafeira 2007.  Outro vinho de alta qualidade, super cuidado, desde a seleção das uvas até seu tempo de barrica; uma obra de arte! 


Possui um aroma complexo; no palato muita fruta densa com taninos robustos. Seus potentes 14,5% de álcool não se mostram presentes ao degustá-lo e o torna um vinho de grande longevidade. Meus queridos amigos Áureo e Kátia, além da Sônia e Carlão, que sobreviveu, e seu filho Thiago, adoraram nosso último tinto. O 12º andar estava muito bem representado!


Chegando ao final dessa volta de Portugal, fomos desembarcar na Ilha da Madeira, a “Pérola do Atlântico”, que produz um vinho fortificado único, que sujeito a variações de temperatura durante as viagens, adquire uma característica ímpar. Hoje os produtores simulam estas viagens com muita tecnologia e competência. Sua casta principal é a Tinta Mole, além de cepas raras como, Malvasia, Sercial, Boal e Verdelho. O fortificado escolhido foi o HM Borges Reserva -  5 anos -  Doce. Feito da Tinta Negra Mole, possui teor alcoólico de 18,5%. Um vinho complexo com notas de madeira, tosta e frutos secos. Apresentou um figo seco muito agradável em boca, com final longo e persistente. Um vinho para nunca ser esquecido ! Harmonização perfeita para a sobremesa da noite : uma mousse de chocolate, pouco doce, executada com perfeição e maestria por minha esposa e companheira Adriana.

Concordaram com o resultado, meu amigo Marcelo Zanini, um dos maiores conhecedores de vinhos Tops que convivo e sua esposa Juliana.





Ah, não poderia esquecer do jantar : de entrada um Queijo da Serra da Estrela e Línguas de Bacalhau à milanesa, iguarias vindos diretamente da casa da Inês. Como prato principal, fiz o famoso Bacalhau (bem alto) na Brasa, com muitos legumes, super tradicional de Portugal, que com uma dessalga perfeita (desculpe a modéstia), parece ter sido aprovado pelos convivas !


Agradeço à participação de todos, que contribuíram para que esta noitada inesquecível pudesse acontecer, principalmente a Adriana, que além de ser meu braço direito, permite que eu viva meu sonho, sempre indo em busca de vinhos, vinhos e mais...VINHOS !


Até a próxima !!

Confrade Cássio Mathias de Oliveira

Para o deleite dos amantes do vinho e da boa mesa, seguem algumas fotos de nosso encontro lusitano:




 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

VI Confraria Vinho e Boa Mesa - Brancos do Novo Mundo

Aclamados pelas mulheres e deixados de lado por muitos homens, os vinhos brancos são o que podemos chamar de vinhos subestimados. Só para se ter uma ideia, a preferência pelo vinho tinto chega a ser de 80% em território brasileiro e, em algumas regiões do mundo, esse número chega a 90%. É uma pena, pois eles têm a oferecer inúmeras recompensas aos seus apreciadores, a começar pela versatilidade, os brancos combinam com a maior parte dos pratos elaborados nas cozinhas do mundo e são, também, excelentes na beira da piscina, na praia, em um bate papo descontraído e, diferente do que muitas pessoas acham, são eles que devem escoltar aquelas reuniões denominadas de "Queijo e Vinho". 


Enfim, para levantar o ego deste "patinho feio", no mês de março de 2012 a Confraria Vinho e Boa Mesa rendeu-se aos prazeres dos aromas e sabores que os brancos têm a oferecer e, com certeza, eles fizeram bonito. Vamos lá:

Entradas: antepastos, casquinha de siri e vinhos espumantes;

Prato Principal: risoto de polvo, acompanhado de postas de abadejo, grelhadas na chapa com manteiga de garrafa;

Sobremesa: sorvete de baunilha com geleia de frutas vermelhas, servido com vinho de colheita tardia.

Vinhos:





Prosecco Villa Sandi D.O.C.G - ver comentários na V Confraria Vinho e Boa Mesa - Itália. 







A Cava Freixenet Cordon Negro Brut estava simplesmente deliciosa. De visual amarelo-palha, com reflexos cristalinos, apresentou perlage constante e simétrica, com borbulhas finas, abundantes, de ataque intenso na língua. No olfato revelou aromas florais, damascos secos e nuances de panificação. Em boca mostrou-se cheia, seca, frutada, com acidez moderada e ótimo frescor. Vale a pena adquirir uma ou mais caixas.




O Sul-Africano Avondale Chenin Blanc 2010 foi o vinho que inaugurou a ala dos brancos secos. De aspecto claro, remetendo aos tons palha e lavanda, no nariz exalou aromas de frutas brancas, jasmim, evoluindo para vegetais e minerais (pedra de isqueiro, petróleo). No palato apresentou acidez moderada, corpo leve e fresco, com nuances de maracujá, lichia e ervas. Um ótimo parceiro para os dias quentes na beira da piscina.






Viu Manent Sauvignon Blanc Reserva 2007 - Chileno que arrematou 88 pontos da Wine Spectator, com visual amarelo-claro e reflexos esverdeados, explodiu aromas de maracujá, melão, manga, com um leve toque mineral. Em boca seguiu os aromas, apresentando frutas brancas, acidez correta e frescor, com retrogosto de maracujá e final persistente. Best Buy !!










Do Chile para a Nova Zelândia, degustamos o One Three Sauvignon Blanc 2009. Trata-se de um vinho fantástico, que fez jus à reputação dos sauvignon blanc neozelandeses. Límpido, de coloração amarelo-palha com reflexos esverdeados, apresentou aromas de maracujá, maçã verde e nuances herbáceas. A análise gustativa revelou acidez generosa, bom corpo, retrogosto de grape fruit, limão siciliano e final de boca persistente. Um vinho para curtir.




Voltando ao Chile, foi a vez da vinícola Tarapacá desfilar seu Chardonnay Gran Reserva 2009. Revelou-se límpido, com visual amarelo-claro, um pouco acima da cor palha. No nariz demonstrou elegância, com aromas de abacaxi, pêssego, mel e caramelo, resultantes da maturação em carvalho. Na boca confirmou o frutado, com nuances amanteigadas, acompanhadas por acidez correta, médio corpo e pouca persistência (esperávamos mais corpo para a proposta de um Gran Reserva). Um vinho apenas correto.




Ainda em terras chilenas, nos surpreendemos com o Calyptra Gran Reserva Chardonnay 2007, um branco de peso, sensacional. Na taça mostrou-se denso, com lágrimas simétricas e coloração dourada que encantou os confrades. Complexo, revelou aromas de abacaxi caramelizado e castanhas, evoluindo para coco e resina. No paladar, surpreendeu pelo equilíbrio perfeito entre acidez, álcool e madeira (24 meses em carvalho), conjugados em um corpo surpreendente. O vinho da noite !!








O último branco seco da confraria representou nossos hermanos argentinos. Elaborado pela prestigiada Bodega Zuccardi, trata-se de um corte de Chardonnay e Viognier denominado Zuccardi Série "A" 2009. De coloração amarelo-palha, com reflexos dourados, revelou aromas de frutas brancas, carambola e raspas de limão. Sua análise gustativa apresentou boa acidez, frescor, corpo médio, nuances cítricas e minerais. Um bom vinho, que deveria ter sido provado antes do Calyptra que o "atropelou".


Para finalizar e acompanhar nossa sobremesa, provamos o Montes Gewurztraminer/Riesling Colheita Tardia 2002. Infelizmente, na opinião dos confrades, o vinho já estava em declínio, devido a safra antiga e outros fatores (o armazenamento pode ser um deles). Pouco revelou e, em outra ocasião, será degustado novamente em uma safra mais recente. Uma pena.


Depois desta confraria, com certeza os vinhos brancos serão mais valorizados.








No mês de abril, nosso destino será a "selvagem" e "misteriosa" Africa do Sul.


Até lá e...


...saúde a todos !!


Confraria Vinho e Boa Mesa.


Participaram desta confraria: Abner, Carlos, Cássio, Leandro (que assina o texto), Nenê (anfitrião) e Renato.